Um dia desses uma amiga publicou no facebook um elogio à minha pessoa, sou
agradecido por isso. No entanto, não me agradou porque me colocou como “mais
em alguma coisa”. Isso não é bom, automaticamente surgem comparações, e como
bem entendemos sobre a natureza das coisas, ninguém é igual a ninguém, então
não faz sentido comparar as pessoas. Todas são igualmente diferentes.
Alguns dedicam para o Naturismo fazendo teatro, outros cuidando da terra,
ainda temos aqueles que administram seus espaços e divulgam o estilo de vida
para muitos outros lugares. É o estudante que faz sua tese de doutorado, o
editor da revista que busca informações em todos os cantos para publicar, e
por aí vai. Cada um fazendo o que para ele é possível, cada qual atingindo o
seu auge naquele momento, porque no instante seguinte um novo recorde, um
novo degrau subindo. Isso acontece porque a vida não é algo estático e sim
um processo, por ser assim nunca conheci ninguém que tivesse atingido o auge
no Naturismo,
Temos muitos nomes para admirar, tecer elogios, mas nunca os colocar acima
de ninguém, isso é bobagem. Vamos tirar lições com cada um deles, mas vamos
também ensinar, é um constante dar e receber. No “Encontro com o Escritor”
realizado no “Café com Letras” no dia 31/01/13 citei a importância de ver
com certa freqüência o vídeo do Professor Carl Sagan “O Pálido Ponto Azul”.
Mostra a terra do espaço que aparenta um mero pixel onde as fronteiras não
são identificáveis, nem mesmo nós somos perceptíveis. De vez em quando
assistir esse vídeo é bom, nos faz lembrar as nossas verdadeiras dimensões.
Considerando o universo, nada, não somos nada.
Criamos muitos embaraços em nossos relacionamentos por causa das competições
um querendo dominar o outro, querendo ser sempre mais. No entanto, o vídeo
citado me faz lembrar de me colocar no meu devido lugar. De tentar com os
meus sentidos, que frequentemente me engana, de continuar a busca de mim
mesmo.
“O homem é uma busca, não uma pergunta. Uma pergunta pode ser resolvida
intelectualmente, mas uma busca tem que ser resolvida existencialmente. Não
que estejamos buscando algumas respostas para algumas questões; estamos
buscando algumas respostas para a nossa existência. É uma busca porque as
perguntas são sobre os outros. Uma busca é sobre si mesmo”. (1)
Nunca encontrei ninguém que tivesse chegado ao auge no Naturismo porque
nunca vi ninguém chegar ao topo de si mesmo. “Criar um quadro não é nada,
criar um poema não é nada, criar uma música não é nada se comparado a criar
a si mesmo, criar sua consciência, criar seu próprio ser”. (2)
O tempo que o indivíduo tem de prática não diz nada, isso é indiferente, às
vezes encontramos pessoas iniciando no Naturismo com entendimento mais
profundo do que àquele que está há anos. Como me disse José Wagner certa
vez: “As crianças são os nossos melhores professores”.
No mais alto nível do Naturismo, nada pode ser dito, é um silêncio. Nada
pode ser comparado porque não há o que comparar; nada mais poderá ser
escrito porque as palavras sempre serão limitadas; nem mesmo “ser” estaria
correto, Budha não concordava com a palavra “SER”, ele dizia que era algo
estático, ele dizia “TORNAR-SE”.
O naturista deve “tornar-se” cada dia mais harmonioso com a natureza, uma
fusão como é visto do espaço; não fragmentado; não ser mais do que ninguém,
todos tentando dar o melhor de si. Podemos melhorar o mundo se pudermos
melhorar a nós mesmos, o auge não será individualizado, não será de uma
nação específica. Será da humanidade.
Evandro Telles
www.evandrotelles.blogspot.com
Voltar